Informação consta em memorando entregue pela Secretaria de Estado da Saúde para a CPI da Covid. Documento indica que 49 cidades no estado receberam os medicamentos. Documentos foram entregues pelo próprio governo e mostram a distribuição de mais de 25 mil comprimidos de cloroquina
TV TEM/Reprodução
Documentos entregues pelo Governo do Tocantins para a CPI da Covid no Senado indicam que o Estado distribuiu mais de 25 mil comprimidos de cloroquina, medicamento que é ineficaz contra o coronavírus, para os municípios tocantinenses desde o começo da pandemia. O memorando com esta informação foi enviado junto com dezenas de outros documentos e notas fiscais sobre compras de medicamentos realizadas pelo governo estadual para combater o vírus.
A existência do memorando foi revelada pelo jornalista Lailton Costa, do Jornal do Tocantins, nas redes sociais. O G1 também teve acesso ao documento.
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O arquivo tem data do dia 15 de junho e é assinado por três profissionais da Secretaria de Estado da Saúde: a gerente técnica e científica, Meiry Barros Araújo; a diretora da Assistência Farmacêutica, Kédma Maria Carneiro e o superintendente de aquisição e estratégias de logística, Afonso Piva de Santana.
O número exato de comprimidos de difosfato de cloroquina distribuídos entre maio de 2020 e o período atual é de 25.190, sendo que eles foram enviados para 49 cidades. A quantidade poderia ter sido ainda maior, já que de acordo com o memorando, inicialmente as prefeituras solicitaram para a assistência farmacêutica 47.792 comprimidos do tipo. O documento não especifica o motivo de parte dos pedidos não ter sido atendido.
Também está especificado no documento que os comprimidos eram usados no tratamento da Covid-19, mesmo sem ter eficiência comprovada contra a doença. Segundo o memorando, os municípios e a secretaria estavam “atendendo a orientação do Ministério da Saúde” que constaria em um documento chamado ‘Orientações do Ministério da Saúde para Manuseio Medicamentoso precoce de Pacientes com Diagnóstico da COVID-19 (versão 3)’.
O G1 procurou a SES para perguntar o valor gasto com esses medicamente e saber porque o Estado optou por fazer o uso da cloroquina naquele momento, mesmo com a falta de evidências sobre a eficácia. O portal ainda aguarda retorno.
O próprio memorando deixa claro que nem todas as cidades precisariam informar ao governo do estado a aquisição de medicamento do tipo. A capital, por ter mais de 100 mil moradores, faz solicitações de medicamentos, incluindo a cloroquina, diretamente ao Ministério da Saúde.
Além do envio aos municípios, o documento indica também que a cloroquina foi usada em grandes quantidades nos hospitais da rede estadual. O memorando informa que entre abril e julho de 2020 o Tocantins recebeu remessas que somam 26 mil comprimidos de comprimidos na Diretoria de Assistência Farmacêutica Estadual e que os medicamentos foram enviados a 10 hospitais em todo o estado.
O memorando informa que a distribuição foi realizada entre maio e setembro de 2020 nos hospitais e que parou a partir do mês de outubro, porque não houve mais solicitações das diretorias das unidades pelos remédios. A planilha anexa ao memorando tem as quantidades distribuídas apenas para os meses de maio, junho e julho e por isso não é possível saber onde foram parar a maioria dos comprimidos destes lotes.
Em junho de 2021, o relatório indica que a Assistência Farmacêutica Estadual tinha em estoque apenas 810 comprimidos de 150 mg da cloroquina.
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Fonte: G1 Tocantins